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segunda-feira, 29 de março de 2010

Escuridão


A escuridão novamente cai
A noite grita
E meus ouvidos não querem mais escutar
Está tudo tão longe
As dores, os amores, as lembranças

Até onde posso tocar?
Posso chagar até seu coração?
Posso lhe pedir que seja pra sempre?
Não! Eu nunca pude
Não! Eu nunca tive

Palavras que o vento levou
Pessoas que minha mente gravou
Onde estão? Podem me ouvir agora?
O que levaram? O que deixaram?

Cidade tola e cheia
Rodeada de incertezas
Me traz pessoas, as leva
Toda dor da saudade me partindo

Sim, estou ao meio
Porque estão longe?
Rostos que não poderei ver
Olhares que não poderei trocar

Toda preocupação me invadindo
Estou vivendo ou estou partindo?
E sou tão feliz, à sorrir como menina
E sou tão triste, desesperando-me por sentir-me mulher

Ouçam meus gritos
Sim, são uivos
Arranquem o coração
Numa única expressão

Não podes me encontrar
Não podes me sentir
Então deixe-me partir
Eu vou viver
E não mais esquecer

Eu vou torcer
Pela felicidade tão esperada
Vou agonizar calada
Sua dor fez-se minha
Não existe mais passado, nem presente, nem futuro
Apenas um ser tentando esquecer esse mundo


By: Elaine Paulino

Beijos


Não quero beijos roubados
Nem mesmo implorados
Quero entrega, quero um todo
Quero sussurros de acordo

Não quero beijar uma imagem
Quero beijar uma alma
Quero tocar a essência
Com apenas um olhar
Simplesmente admirar

Não quero acreditar no que vejo
Quero viver o que sinto
E ver em outrem
Minha imagem sem engano
Oh quanto padeço esperando

Quero o beijo que aguardei uma vida
Quero o olhar que desnude
Que invada os pensamentos
Que encontre as virtudes

Quero beijos que o vento não leve
Que a chuva não aplaque

Quero beijos de sol
Pra derreter todo medo

Quero beijos de lua
Pra desvendar todos os segredos

Quero beijos do campo
Que corram livres e contentes

Quero beijos de mar
Que me arrastem para o fundo de meus desejos

Quero mais que tudo
Olhar, sentir, tocar, beijar
A inteligência, a sensibilidade, a essência, a liberdade

A vida vivida por outro
Encaixando-se na minha
Como fortes traços
De uma mesma linha



By: Elaine Paulino

domingo, 28 de março de 2010

She Wolf


Um lobo sonha
Um lobo luta
Um lobo conquista

Um lobo é solitário por opção
Um lobo não pode ser domesticado
É selvagem e livre por natureza

Todas as noites que se passaram
E ela continuou uivando
Tão agudo, alto e profundo
Um uivo de rendição
Aprendeu a caçar com sua própria força
A se livrar das armadilhas do ser humano cruel
Aprendeu a compartilhar quando passou por diversas matilhas
Aprendeu a respeitar seu inimigo, mas nunca fugir de uma luta
Decidiu viver só
Seguiu seu caminho pelas florestas escuras
E correu
Aprendeu a não se esconder
E mostrando seus dentes afiados adquiriu respeito
Acostumou-se a calar e apenas seguir seus instintos
E novamente uivar quando necessário
Tanta tempestade suportou
Ergueu seus olhos e se apaixonou pela lua que também vivia sozinha
Presenciou muitas alvoradas
Subira nas mais altas montanhas
Habitou em cavernas
Derrotou o medo
Fez-se forte quando era fraca
Apenas aceitou sua natureza
Pois assim iria viver
Para sempre
Sem nunca se entregar

Não se pode entender um lobo, a menos que seja um

sábado, 27 de março de 2010

Onde foi que lhe encontrei?


Nos longínquos caminhos até o monte
No silêncio brando da alvorada
Nos ventos impetuosos antes da tempestade
Nas gotas de chuva que percorrem a face

Cada despedida que me vale um reencontro
Agarro-me em quem tú és
Para esquecer-me de quem sou
Deixo a noite cair sobre nós
Para que torne as palavras num encantamento eterno

Não jures ó querido, não prometas
Nem mesmo seja meu, como espero que sejas
Viva, como o sol que perdura
Corra, como os lobos selvagens

Só não vá para tão longe
Deixe que meus pensamentos consigam lhe alcançar
Permita-me viver a imaginar onde andarás
Calo-me com apenas o pouco que podes me dar

Achei-te perdido nos meus sonhos
Lutando para não mais sonhar
Achei-te escondido em meu sorriso
Impedindo as lágrimas do meu ser dominar

Não lhe prometo o eterno
Mas garanto-lhe o perfeito
Encontrei-lhe em meio aos meus pedaços
Sim, encontre-lhe dentro de mim


By: Elaine Paulino

quinta-feira, 25 de março de 2010

O Grito


Ouve-se um tanger
Que ecoa pela vasta cidade
Aninha-se embaixo dos carros
Chega aos mais altos edifícios

- Seja a forma mais nítida da perfeição
- Seja a primeira flor a se abrir
- Seja o olhar de compaixão, mas vista-se do manto da justiça
- Não sejas impassível aos horrores

Lágrimas escorrem em sua face
Gritos que não pode ignorar
Sua face nua
Agora arde com o fogo da verdade

Em um segundo
A voz muda de lugar
Rondando-a num indo e vindo infinito
Quando começa a ecoar em bom som

- Esqueça teus mais preciosos bens
- O que queres além dos prazeres reais?
- Que fazes de tua curta vida?
- Viva agora e faça o que queres

Quem há que poderá cala-los?
Gritos ensurdecedores e mortais
Cortam sua pele atingindo sua alma
Arranca-lhe a paz

Sua consciência lhe diz
Pra onde deves seguir
As vezes pretendes não ouvir
E o grito perfura suas armaduras

Um grito de desespero
Onde reinam a confusão e a indecisão
Não podes negar quem é
Apenas podes escolher a qual grito queres obedecer.


By: Elaine Paulino

segunda-feira, 22 de março de 2010

Pequena Menina


A vida renova-se dentro de seus instrumentos viventes
Uma nova manhã vem surgindo
A pequena menina deixa de observar pela janela
E mergulha no mar de acontecimentos

As pinturas ganham movimentos
Os personagens trocam de cenário
E lhes é inserida uma imagem real

Olhem, a vida surgindo
Finalmente a menina pode senti-la e não apenas vê-la
Ela protagoniza a grande história

Ela sente o chão sob seus pés
E as emoções que lhe afloram;
Ouvindo um solo bem tocado
Encontra-se ao perder-se

Sente as forças voltarem
Como um vento impetuoso
Entende que esse era o chamado para acordar

A pequena menina pode ser vista
E olhando em seu espelho
Orgulha-se da nova imagem que se reflete.

Mundo Gélido


Estava sempre sozinha
Em seu gélido mundo particular
Os muros se estendiam cada vez mais
Os minutos se arrastavam
Como ondas que a puxavam para o fundo
Submergindo, desaparecendo
Esquecendo como se respira, esquecendo como se sente
Uma chuva de pensamentos que não pode controlar
Eles escapam tão fácilmente de suas mãos
Como livres pássaros em rumo da total liberdade
Atingindo todos os seus sentidos
Girando e girando ao vento
O mar, e o céu
Tão diferentes e distantes
Mais ainda assim, abrigam os seres mais livres
São imensos e donos de uma beleza inigualável
Os corajosos que olham de perto
Nunca se esquecem do primeiro mergulho, nem o primeiro vôo
Liberdade, liberdade
Onde se escondes?
Solidão por qual motivo me persegues?
Um mundo surreal
Onde ela vive ninguém pode chegar
Ela é vista ao longe
Escala as grandes montanhas
Corre pelas florestas
Não teme mais a escuridão
Grita em silêncio
Pede socorro
Mas ninguém pode ouvi-la
Pois ninguém pode entrar em seu mundo
Ninguém forte o bastante, nem sensível o bastante
Ninguém paciênte o bastante, nem sonhador o bastante
Apenas as melodias podem acompanhá-la
As mais magestosas e sublimes
Num desenrolar infinito de tons e notas
Tão doces e gentis
Como um beijo imaginado
Então segue só
Em seu mundo, seu gélido mundo.


By: Elaine Paulino

quinta-feira, 18 de março de 2010

Chuva


Ao olhar as gotas caindo
Molhando a quem quer que esteja desprevenido
Lavando dentro e fora
Levando coisas embora

Chuva forte que cai
Como um rio inundando meu ser
Me envolve em suas águas
Me fazendo renascer
Leva a tristeza
Traz a esperança
Me toca com ousadia
Me faz sorrir mesmo em agonia

Percebo que já não posso evitar de sentir
Essas gotas que percorrem dos meus olhos ao meu coração

A chuva então se vai
O céu se abre e sorri
Mas aquelas águas não param de correr dentro de mim

Se foi após inundar a mim
Olho o lindo céu azul
E peço para que traga de volta aquela chuva
Pra que aquela torrente me tome novamente
Pra que a tormenta acabe de desordenar o que começou


By: Elaine Paulino

O Tempo, Os Sonhos e a Solidão


Uma leve brisa acaricia a face dos apaixonados
Seguida de uma tempestade que inunda seus pensamentos.
Os jovens se divertem em suas noites que pensam não ter mais fim
Enquanto os de mais idade se preocupam com o futuro de seus filhos.
O tempo que parece tudo guiar
O tempo que faz tudo girar
E ao perder-me nesse tempo
Nem sei se vivo agora ou se do passado me alimento
Não sei se vejo a realidade
Ou se apenas com a ilusão me contento
Dúvidas que me perseguem
Sonhos que escapam de meus dedos
E também sonhos de uma noite inteira
Sonhos que tenho com os olhos abertos
Quando enfim me deparo com ela
A mais nobre amiga, aliada muitas vezes
E em noites frias a pior inimiga
Minha doce solidão
Que me cerca, me envolve, me leva pra tão longe
Que as vezes penso em não voltar
Me ensina sobre a estranha perdida em um mundo colorido
Ou seria esse mundo preto e branco?
Talvez esses olhos não tenham sido feitos para ver como vêem os outros
Talvez tenha sido feita para voar contra o tempo
Correr de encontro aos sonhos
E sorrir para a solidão.


By: Elaine Paulino

quarta-feira, 17 de março de 2010

Quem eu sou


Nem mesmo todas as páginas de um extenso livro poderiam detalhar tudo que vivi
Vi muralhas se erguerem a minha frente
Cai num abismo sem fim
Mergulhei no mar das ilusões
Esqueci quem eu devia amar
Errei onde garanti que nunca iria errar
Abandonei o que eu devia guardar
Permaneci na escuridão
E como cego andei
AH! Como me fizeram falta as grandes luzes dos astros
O SOL que um dia iluminou meu rosto
A LUA que um dia ouviu meus segredos
Sim, eu morri
Sim, eu queria me afogar
E quando as cortinas do palco foram baixadas
Acordei ao ouvir um grande som
Que vinha de dentro, e ao mesmo tempo me pareceu vir de longe
Onde está a escuridão?
Foi levada para longe do meu olhar
A estrela voltou a brilhar
A esperança voltou a reinar
Tudo se tornou paixão em mim
Os maiores sonhos são meus
Aqueles que muitos não se permitem sonhar
Os mais irreais, os longínquos
A menina que se entrega no olhar
A mulher que admite que errou
Nem todos os textos e poesias podem expressar a dor, o amor
Nada é capaz de me definir, me prender
A mudança faz parte de quem sou
E a liberdade me traz a felicidade
Voar para longe para me encontrar
Perder-me, sem pensar
Livre em meus sonhos, aprisionada por meus medos
Simplesmente aprendi que é preciso viver um dia de cada vez
Subindo as escadas devagar, não se pode ter tanta pressa pra chegar
De todos os males que vivi
Aprendi
Que meu maior desafio consiste em vencer meu próprio eu
E assim meu sorriso será o presente para os que me amam
E a derrota dos que me aborrecem.


BY: Elaine Paulino

Wolf


O olhar que se perde ao mirar a lua
O uivo da dor e da saudade
O desespero de estar só
Tão longe de quem sua alma acolheu
Apenas uma palavra, sem um adeus
Tão perto e tão distante
Agonia trazida pela noite
Regada pelas gotas de chuva em seu corpo
Correndo sem rumo
Para tão longe
Onde se sinta livre
Mas nunca poderá deixar de olhar
Sua companheira
A adorável tão brilhante
Que encanta a qualquer ser
Mas apenas um pode entendê-la e admira-la com maior ardor
Aquele cujo coração fora arrancado
E sua dor permanece ali calada
Liberta apenas por seus uivos incessantes
Ela então se vai ao amanhecer
E ele continua sua caminhada solitária
Sua corrida em meio às árvores verdejantes
Esperando que a noite volte
Para novamente explodir seu lamento.

By: Elaine Paulino

segunda-feira, 15 de março de 2010

Eu só quero ficar com ele

É tão fácil ficar com ele...
As horas não importam, é como se o tempo estivesse paralisado, e quando volto para a "realidade" percebo que estive "fora" por horas e horas.
É tão fácil ficar envolvida em seu mundo, em sua forma de agir, de pensar, tão simples entender suas atitudes.
O personagem mais real e incrível que já conheci.
Quando estou com ele não sinto vontade de voltar. Posso sorrir e chorar sozinha, sem que essas emoções sejam provocadas por algo ruim e confuso da minha vida. Ele é o centro das atenções, dos meus pensamentos, das minhas reações, e não eu mesma e as decisões que preciso tomar.
É tão bom quanto deve ser pular de asa-delta ou pára-quedas. Somente o vento e a liberdade importam, nada mais de sua vida para se pensar, não há tempo, não há espaço para essas coisas, quando se é livre não precisa se preocupar com o que irá se prender.
Talvez eu pense como ele, apenas sair, correr, fugir, seguir os instintos... Sem precisar voltar, sem ter que lidar com a dor.

By: Elaine Paulino