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domingo, 26 de setembro de 2010

Não mais escrevo, não mais componho
Não mais dou títulos
Não mais canto
Não mais me encanto
Talvez nunca tenha feito nada disso
Talvez tenha apenas fingido todo esse tempo
Ou me enganado
Se hoje me falta inspiração
Como pôde ela habitar em mim um dia?
Não mais ouço sobre o amor
Não dou conselhos
Não, não ouso falar de poesias
E é assim que nos descobrimos fracos
Quando ao passar por uma tempestade
Não consegue recuperar-se totalmente
Você nunca mais volta para o mar
Cria uma proteção contra ele
Fecha-se em seu quarto seguro e seco
Longe das águas que te banharam, envolveram, te levaram
Você nunca mais quer sequer olhar para ele
Tão distante da maior riqueza que já encontrou
Sim, a fraqueza que não me deixa voltar, nem pra frente andar
Não me deixa tentar
Meus olhos não mais brilham
Deixo entardecer
Deixo escurecer
Pois o outono não vai mais voltar
O recomeço sem recomeçar


Elaine Paulino
Nós padecemos, sim, pois idealizamos
Choramos por não obter o que sonhamos
E não porque perdemos o que amávamos
Sentimos-nos impotentes
Devemos nos lembrar que um sonho não se prende, não se eterniza
Deve-se apenas desejá-lo
Ao longe, sim, bem distante
Como um pássaro a procura do ninho
Muito longe da terra
Atrapalhando-se com as nuvens
Não desvia seu caminho
E tudo parece tão lindo em nossos sonhos
Dias contados, de uma beleza aparente
Nós colocamos nossa alma
E nos entregamos
As tristezas, alegrias
Todas entregues
Em um único vôo
O primeiro, e o último
Não existe uma segunda chance, não para o mesmo sonho
Uma queda fulminante
Quebrando teus ossos
Rasgando tua pele
Arrancando teu coração
E ali no chão, jaz teu sonho
E nunca mais serás quem foi um dia
Toda aquela alegria
Que era só tua
Desmanchando-se em lágrimas


Elaine Paulino
Eu sinto falta de você, eu sinto falta de mim...